Na tarde da última terça-feira (09), Cruz Alta se viu envolta em polêmica após a ampla divulgação de vídeos chocantes que mostram uma abordagem policial violenta. O incidente ocorreu por volta das 11h12 da manhã, quando um homem, identificado como empresário local, foi violentamente agredido por policiais militares do 16° BPM. As imagens, compartilhadas em diversas páginas digitais, mostram o momento em que o homem, conduzindo uma caminhonete, é abordado em uma oficina mecânica. Descendo do veículo com as mãos para cima, ele é surpreendido por policiais que o derrubam ao chão com um golpe violento (voadora), desencadeando uma série de agressões enquanto o homem já está imobilizado.
O vídeo revela ainda uma policial militar desferindo um chute na cabeça do homem que já estava rendido e batendo com a palma da mão no chão em sinal de rendição e desespero. Após isso o homem já algemado é colocado de pé, e enquanto era conduzido até a viatura, aparentemente é empurrado o que leva o homem e o policial, ambos a caírem no chão. O episódio gerou indignação e consternação na comunidade de Cruz Alta, dividindo opiniões entre aqueles que aprovam a conduta dos militares e os que condenam a abordagem violenta.Itamar Machado Portela de 58 anos é mecânico de máquinas e implementos agrícolas. Ele afirma que havia saído em busca de uma peça, para finalizar o conserto de uma colheitadeira, quando no percurso foi abordado por policiais militares, na Avenida Saturnino de Brito. “Pegaram os documentos e a carteira de motorista, e quando puxaram pela placa aparecia uma multa. Então o pessoal liberou para eu pagar aquela multa. Eu liguei para meu despachante fazer o pagamento, quando ele me mandou o comprovante e mostrei, eles (PMs) falaram que não adiantava mais, que iriam guinchar a caminhonete. Eu disse que não ia, entrei na caminhonete e saí”, relata Portela.
O mecânico conta que saiu em direção à oficina, que fica distante três quadras do ponto da barreira. Nas imagens das câmeras do estabelecimento, é possível ver os PMs entrando no local e retirando o homem de lá. “Quando entrei na oficina eles entraram atrás. Eu saí da caminhonete com as mãos para cima, e eles chegaram já me enforcando e me batendo. Me derrubaram no chão e me bateram. Me enforcaram, cheguei a ficar sem ar”, diz Portela, que afirma que as agressões continuaram: – “Eles me colocaram dentro da viatura algemado, e chegou outro policial e continuou me enforcando”, complementa Portela. O mecânico foi encaminhado à Delegacia de Polícia, onde os policiais registraram um boletim de ocorrência. Posteriormente, ele foi conduzido ao Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), para atendimento, onde permanece em observação. A família de Portela também registrou boletim de ocorrência contra os policiais pela forma de abordagem.
Diante da repercussão do caso, o 16° BPM emitiu uma nota oficial, esclarecendo que a ocorrência teve início durante uma barreira de trânsito, na qual o veículo do empresário foi abordado devido ao licenciamento vencido. A nota afirma que o condutor teria fugido da barreira, colocando em risco a integridade física dos policiais, o que levou à perseguição e subsequente abordagem violenta. O 16° Batalhão de Polícia Militar assegurou estar adotando medidas para investigar o ocorrido, tendo instaurado um Boletim de Ocorrência Militar para esclarecer os fatos relacionados à atuação da Brigada Militar durante a abordagem policial. O episódio promete continuar gerando repercussões e debates acalorados na cidade. (Adaptação/ Rádio Cidade – 98.3 FM)
